sábado, 22 de março de 2014

Gabs' Reviews: Shin Megami Tensei - Devil Survivor

    Bom dia! Tudo certo com vocês? Eu voltei!

    Hoje eu começo aqui minhas reviews de jogos, e nada melhor para começar do que meus dois favoritos de Nintendo DS.

    Começarei com o primeiro Devil Survivor, pois também gostaria de falar um pouco sobre a evolução do sistema dele no post de Devil Survivor 2. E antes que as pessoas que jogaram comecem a me odiar e tacar ovos, eu disse "sistema", não que um seja melhor que o outro. Ambos são fantásticos e merecem o mesmo amor e carinho.

    E antes de mais nada, algumas considerações:

- Meu intuito é ver os aspectos positivos do game, portanto jamais farei um Review pra falar exclusivamente mal dele.
- Gostos podem variar, e eu entendo isso melhor do que ninguém, já que não gosto de muitos jogos populares. Esta é a minha opinião.

- Meus Reviews conterão spoilers, portanto se prepare (porque afinal, o jogo somente estraga com spoiler se for de investigação/puzzle ou de suspense).

    Sem mais delongas, vamos ao Review:

História

Que a merda comece!
   A história de Devil Survivor gira em torno de três amigos: Atsuro, Yuzu e o Protagonista (que pode ser nomeado como o jogador quiser) que ficam presos em Tokyo, quando este é cercado pelo exército (chamado de SDF - Self Defense Force). Eles haviam sido convocados para Shibuya por Naoya, o primo do personagem principal, para um encontro durante as férias de verão. Naoya encontrou com Yuzu, a garota ruiva, e lhe deu COMPs (eles são iguais ao Nintendo DS, mas são chamados o tempo todo de COMPs, ou Communication Players), dos quais os três jamais deveriam se separar. Atsuro, o nerd do grupo, desbloqueia os COMPs e um e-mail surge premeditando os acontecimentos daquele dia. Eles decidem ignorar achando que seria uma brincadeira de Naoya, mas os fatos realmente aconteceram. Mas as bizarrices não pararam por aí: ao final do dia, os COMPs ativam um programa de invocação de demônios, e três criaturas os atacam.

    A partir daí as coisas começam a ficar cada vez mais bizarras, quando eles descobrem os podres do governo, que eles sabem sobre demônios, e que o cerco em Tokyo foi feito para manter os demônios dentro, entre outras coisas. Os heróis aprendem a controlar e fortificar os demônios rapidamente usando o COMP enquanto buscam uma saída do cerco, e conhecem várias pessoas em Tokyo que também querem sair de lá, cada um com uma história e jeitos de agir diferentes, e com as informações deles, você acaba descobrindo pontos importantes da trama (alguns meio manjados, em minha opinião, que os heróis demoram muito para perceber). Há momentos em que certas ações são necessárias para salvar personagens da morte, caso não sejam cumpridos a tempo, ele desaparecerá do mapa.

    O que se vê bastante explorado durante todo o jogo além dos históricos meio "por cima" de cada personagem, é como as pessoas presas em uma Tokyo sem eletricidade, com comida escassa e infestada de demônios age para sobreviver. Centenas de pessoas enlouquecem, roubam, matam umas as outras e também usam os COMPs para aterrorizar os outros. Isso é ainda agravado pelo fato de que aqueles que possuem um COMP enxergam o "Death Clock", um contador que aparece acima da cabeça das pessoas que mostra quantos dias aquela pessoa ainda tem de vida, o que fez até mesmo um rumor se espalhar de que o mundo acabaria em alguns dias, por conta de todos os que estavam presos em Tokyo terem praticamente o mesmo número.

Este é um grande filho da puta.





    A trama, mais para frente, acaba girando em torno da guerra entre anjos e demônios, e da escolha do grupo em favor de seguir uma ideologia, que leva a um dos 5 finais diferentes, cada um com um personagem específico idealizador, sendo dois deles neutros, um deles sendo o Atsuro e o outro um rapaz que perdeu a garota que amava, Gin. Um caótico, com Naoya, e um ordeiro, com uma garota que escuta as vozes dos anjos, Amane. Há também um outro "ruim", que pode ser feito com a Yuzu.

Gameplay

    Em Devil Survivor, o gameplay, em relação não só aos outros SMT, mas ao gênero de Turn-Based em geral, sofreu mudanças muito favoráveis, pois consegue com elementos simples, elevar a experiência e o desafio do jogo.

    Boa parte do game é passado em uma lista de locais de Tokyo, que você pode visitar com seu grupo, e quando há eventos importantes, eles são marcados com pequenos relógios que indicam que 30 minutos in-game passam para cada um desses eventos que você participa. Eles são bem diversos: em alguns você conversa com seu grupo sobre algum aspecto do mundo ou da situação em que estão, conhece personagens novos, investiga os acontecimentos, etc. Caso um desses eventos leve a um confronto, seja ele contra demônios ou contra outros personagens, aparecerá um ícone dizendo "Battle". Isso é bom para que você possa se preparar devidamente para o perigo.

    O jogo pode ser salvo a qualquer momento enquanto estiver na lista de locais da cidade ou até mesmo durante uma batalha, o que facilita bastante para quem não tem tanto tempo disponível para jogar.

Administração dos Demônios

    O elemento de administração de demônios do seu grupo é bastante simples, rápido e divertido. Você começa com os três demônios que atacaram o grupo no início do jogo como companheiros, e algum tempo depois fica disponível o "Devil Auction" (Leilão de Demônios), que faz esta simulação. Quando é escolhido um demônio do seu interesse para a compra, você tem a opção de comprá-lo diretamente (por um preço bem mais alto) ou entrar em leilão contra 1 a 3 outras pessoas. Como é de se esperar, quem der mais, leva.

    Outro elemento de administração de demônios é a fusão. Quando funde-se dois demônios, surge um novo (em geral mais poderoso, mas depende muito da combinação), e este pode herdar as habilidades de seus progenitores. É um aspecto presente em quase todos os SMT, porém, este é um dos poucos que realmente permite escolher quais habilidades serão herdadas. Cada demônio pertence a uma raça, e cada uma tem uma habilidade única. Por exemplo, Moh Shuvuu, um demônio da raça Avian, lhe concede +1 casa de movimento e permite passar por cima de obstáculos.

Sistema de Combate

    Agora, vamos às batalhas. Elas são bastante dinâmicas, desafiadoras e não requerem cálculos matemáticos exorbitantes. Podem ser usadas 4 "equipes" em cada batalha, e elas são constituídas pelo Invocador, que seriam os personagens humanos, e mais 2 demônios. O campo de batalha consiste em um Grid (quadrados) para medir a distância de movimento e ataque, bem semelhante a RPGs como Final Fantasy Tactics, Disgaea, etc. Cada personagem tem valor de movimento 3 ou 4, e também possuem um "Speed", que seria a frequência com que podem agir, ficando numa média de 50. No caso, ao invés de todos os personagens agirem uma vez cada, em ordem, eles agem respeitando uma "barra" de tempo. Quanto mais ações o personagem realizar em seu turno (andar, atacar, curar, trocar demônios, etc) mais a barra cresce. Quanto maior o valor de Speed do personagem, mais rápido a barra esvazia, e quando isso acontece, é a vez daquele personagem agir novamente, mesmo que tenha "pulado" a vez de alguém.

Atributos, Habilidades e Extra Turns

    Há 3 tipos de habilidades no jogo: Command, Passive e Auto. Cada personagem pode equipar 3 habilidades de Comando (ataques, curas, maldições, etc), 3 Passivas (aumento de defesa, ataque, velocidade, Vida, Mana, etc) e 1 Automática (entram em vigor sempre que um combate de uma equipe com outra começa, e tem diversas funções). Para os demônios, funciona um pouco diferente: a habilidade Auto é substituída pelo poder de sua raça (como mencionado anteriormente), que pode ser ativo ou passivo.

    Os personagens humanos podem equipar qualquer habilidade que tenham "Crackeado" (copiado de um inimigo), desde que tenham o valor de atributos necessário. Os atributos são:
- Strength: Aumenta o poder dos ataques físicos.
- Magic: Aumenta o poder dos ataques mágicos.
- Vitality: Aumenta o HP e a defesa.
- Agility: Aumenta taxa de acerto físico, iniciativa e chance de conseguir um Extra Turn.

    O único personagem que escolhe quais atributos serão aumentados é o Protagonista. Todos os outros personagens (humanos e demônios) têm já programados quais atributos serão aumentados.

    O grupo que atacar primeiro terá um bônus somado ao valor de Agility para determinar a ordem das ações de cada combatente (o que tem um peso estratégico bem grande) e os atacantes também têm mais chances de conseguir Extra Turns.

    "Legal, mas o que é um Extra Turn, Gabs?" Bem, talvez esse seja um dos fatores que eu senti maior evolução em relação aos outros SMT no quesito do sistema de Turnos. Geralmente, quando você acerta o ponto fraco do inimigo (por exemplo acertar um demônio de gelo com fogo), você ganharia uma ação extra com o seu grupo, e se acertasse eles com o elemento forte (acertar o demônio de gelo com gelo), você perderia uma ação, ou poderia até mesmo acabar a vez do seu grupo por ali, dependendo do caso. Em Devil Survivor, ao invés das ações serem "para o grupo", elas são "para o personagem". Ou seja, se eu acertei um demônio de gelo com gelo, eu tenho uma chance de perder meu Extra Turn, e ele tem uma chance de ganhar um Extra Turn. Se meu demônio o acertou com fogo, o de gelo pode perder esse Extra Turn, e meu demônio pode ganhar um. Então agora ao invés do grupo inteiro sofrer as consequências pelo erro de um dos personagens, apenas o próprio as sofrerá (ou se beneficiará), e ainda não é certo, há apenas uma chance, o que equilibra os combates quando uma das equipes só tem demônios fracos contra o elemento do inimigo.

    Pode parecer tudo muito complicado do jeito que expliquei, mas o jogo é bastante fácil e intuitivo. Ninguém deve ter problemas para aprender como o sistema funciona depois de umas 2 ou 3 batalhas.

Trilha Sonora

    A trilha de Devil Survivor deve receber uma menção honrosa. Ela é quase completamente composta por músicas de batida pesada, misturando um pouco de metal com punk rock e afins. Elas demarcam muitíssimo bem os momentos de tensão, de confronto psicológico e de adrenalina, principalmente durante as batalhas.

    As trilhas de batalhas são rápidas e frenéticas, deixando o jogador ligado e com um jorro de adrenalina indescritível. Posso até estar exagerando, mas que a trilha casou muito bem com a ação, isso é inegável.

    Além disso, o efeito se agrava quando as batalhas contra Chefes começam a acontecer, pois elas são realmente difíceis, e normalmente elas têm objetivos ou condições específicas, o que torna a batalha ainda mais desafiadora, única e emocionante, somada a esta trilha sonora maravilhosa, faz a experiência de jogo simplesmente incrível.

Considerações do Gabs

    Devil Survivor, sem dúvida nenhuma, é um jogo que eu recomendo e indico para qualquer fã não-casual de jogos. E eu digo "não-casual" somente pelo fato de que, como em todos os SMT, há um grande foco na história, e muitos jogadores casuais (como minha namorada por exemplo) podem acabar se sentindo cansados de tanto texto aqui e ali. Para quem curte acompanhar o desenvolvimento da história, esse jogo é sem dúvida um prato cheio.

    O combate me agradou MUITO, e as combinações de habilidade que podem ser feitas entre personagem +2 demônios é extremamente grande e é possível colocar funções diferenciadas para cada equipe (uma que foca em curar e dar suporte, outra mais poderosa no ataque, uma que defenda, etc). Além disso, o rumo da batalha pode mudar, já que é possível substituir os demônios que estão sendo utilizados a qualquer momento. O novo sistema de aquisição de ações extras foi bastante criativo, mesmo que seja simples.

    Foi o meu primeiro jogo de Nintendo DS e eu gostei demais. A história me envolveu e a trilha sonora casou perfeitamente com todos os elementos do jogo. Cada batalha tem um grau de desafio, que pode ser superado facilmente se sua estratégia for boa. Com as várias opções de combinação de equipes, você eventualmente encontrará um plano de combate de seu gosto.

    A temática bíblica do jogo, apesar de meio manjada, é bem aproveitada com o clima por um lado claro com os heróis que tentam ajudar as pessoas, e por outro lado escuro, com todas as mortes e desgraças acontecendo na cidade que antes era o grande centro do Japão.

    Os personagens são divertidos, expressivos e bastante reais no quesito comportamento. Eu simpatizei com todos, pois quando segue-se todos os caminhos possíveis do jogo, acaba-se percebendo que eles têm motivos para fazer o que fazem, e que o conceito de Bem e Mal é muito abstrato. Dá até um pouco de tristeza ver um dos personagens morrer (como foi o meu caso na minha primeira vez), e o pior é que dependendo do personagem que morre, alguns dos finais não podem ser feitos.

    Eu sempre acharei interessante o conceito de "anjos que não são totalmente bonzinhos". Eles são "ordeiros" e tem uma grande diferença entre isso e bondade. Mas como eu disse, todos os personagens tem motivos para fazer o que fazem e dependendo de seu pensamento, este até poderia ser considerado o certo a se fazer.

    Os cinco finais são muito bons, ou talvez eu devesse dizer seis, pois há um "final ruim" no meio do jogo, apesar de ser diferente dos demais pelo fato de aparecer "Mission Failed" caso siga por este caminho. Os cinco caminhos principais, em contrapartida, vão até o último dia da história, e quando terminados, mostram os créditos e então é retornado para o menu inicial, e neste momento é possível transferir todos os demônios e habilidades crackeadas para o novo arquivo, para que você possa se concentrar na história dos demais caminhos sem se preocupar tanto com a administração do grupo. Um ponto que gostei bastante também, é que se certos objetivos não forem cumpridos, ou certos eventos não forem presenciados, alguns finais não estarão disponíveis, sendo liberados "de graça" somente os finais com a Yuzu e o final com Naoya.

    Quando eu descobri que havia um Chefe extra, que aparecia no último dia quando jogava-se pela segunda vez ou mais, foi muito legal. Agora tinha um sentido os demônios resgatados de um arquivo para o outro, pois este novo Chefe é apenas Nível 99. Apenas. Claro que se não houver o desejo de utilizar os demônios trazidos de um término para um Novo Jogo (talvez por achar que perde a graça), basta fundí-los até que só sobre um, e não usá-lo, pegando apenas os mais fracos.

    O mais interessante é que alguns aspectos da história somente são revelados em caminhos específicos da história, o que faz com que o interesse de jogar novamente cresça consideravelmente. Em minha opinião, o elemento Replay é um dos maiores fatores de um jogo. Será que vale a pena jogar aquele jogo de novo? Eu sei que joguei muitos jogos e poucos deles me deram vontade de voltar para eles mais uma vez, mas Devil Survivor é um que não enjoarei tão cedo.

    Jogo obrigatório para quem tem NDS e curte jogos nesse estilo.

Miscelânea

    Um remake de Devil Survivor foi produzido para o Nintendo 3DS, chamado Devil Survivor Overclocked, apresentando algumas modificações: alguns demônios extras, a adição de um Compendium (como se fosse um registro dos demônios, para que possam ser invocados novamente como eram, mesmo que tenham sido descartados), e de um 8º dia de história para todos os caminhos finais, além da resolução estar melhorada e agora ter uma dublagem completa durante praticamente todo o jogo.

    Também está sendo produzido um mangá da história que eu estou gostando bastante do que vejo. O traço é agradável, limpo e a atitude do Protagonista (agora chamado de Kazuya) é bem próxima de como eu imaginava enquanto jogava. Estarei acompanhando ele por mais um tempo.

    E é isso, pessoal.

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