E que dia que é hoje? Carnaval! E o que tem no carnaval? Michiko to Hatchin, claro!!!
Não posso deixar de colocar mais um episódio do anime que se passa no Brasil justamente em um dia de farra no nosso país. E então, o que acontecerá nesse episódio, carnaval também? Não, infelizmente não. Hoje não colocarei uma ost do anime para ir seguindo a leitura, afinal, teremos algumas músicas no meio do anime para serem apresentadas.
Michiko e Hatchin continuam ao redor de uma favela a procura de Hiroshi, no entanto, a morena se encontra em uma casa noturna aonde ocorre um strip tease de uma tal de Pepe Lima. Bêbada que só, Michiko começa a reclamar da
música e chama atenção subindo no balcão reclamando dos peitos da striper. Claramente ouvimos que a música se trata de um funk, e aqui entra um ponto legal: Michiko não gosta de funk, e isso parece incomodar muito, demonstrando que não existe um estereotipo lá fora que todo brasileiro ouve
funk, ou de que gosta. Outro detalhe é que a morena não faz parte da classe média/média alta, mas sim alguém de classe baixa, e por que cheguei a essa conclusão no quarto episódio? Porque ela sabe muito bem como agir na favela sem ficar enroscada com quem comanda o lugar.
A loira derruba a morena quando esta estava por sair do lugar, provocando a senhora bêbada. No dia seguinte, conversando com Hatchin, a menina indaga se Hiroshi não possui nenhum amigo que possa ajudar a ser encontrado, eis que a morena pronúncia um nome, “Satoshi”, mas logo deixa para lá. Não sei qual é a dos japas colocarem nomes japas em personagens brasileiros, mas visto que todos aqueles que tem alguma importância na trama o possui, talvez seja uma forma de saber quem é importante e quem não é... Fico imaginando como seria os nomes na dublagem brasileira, alguém ai chuta alguma coisa?
Os molequinhos enfrentados do último episódio aparecem intimando Michiko para segui-los. Alguns podem ficar impressionados como um menino de aparente 8 anos pode estar segurando uma arma. Muitas crianças que vivem em favelas barra pesadas podem começar uma vida de crime muito cedo, isso vem de vários fatores que não me é de conhecimento por ter poucos estudo sobre isso, mas essa é uma realidade que existe no Brasil, em que muitas vezes é tão comum em lugares aonde o tráfico reina, que não temos noção do grande problema que isso pode gerar. Somando-se a nosso “bem-de-vida” demonstrado muitas vezes pelas redes de televisão brasileira, parece ser uma realidade paralela toda essa violência que sofrem a classe mais baixa, muitas vezes sem estruturas familiares, sendo relegados a marginalidade por nós mesmos, pessoas de classe média, porque sim, se você está lendo esse blog você é um dos sortudos que pode ter um computador e uma internet, mesmo que ela seja ruim, e que no fim, reclamamos tanto de violência ocorrida por conta de crimes que tem ligação com as drogas, mas muitas pessoas reclamam de auxílios que o governo tenta fazer para diminuir a desigualdade social.
Vide essa matéria sobre classe média.
Entrando em contraste com a TV brasileira, os japoneses não tiveram esse medo de demonstrar um lado que somente Tropa de Elite demonstrou do nosso país, pois o que é vendido lá no estrangeiro é uma beleza sem igual de gente rica e poderosa no Brasil, que os conflitos muitas vezes são entre famílias que querem passar a perna uma na outra, tudo isso sendo vendido como a imagem do país pelas nossas TVs, uma realidade que poucos realmente podem desfrutar, mas não é só aqui que isso acontece, até mesmo seus animes preferidos vendem só um lado do Japão, aquele lado que só demonstra coisas boas de sua cultura, escondendo muitas coisas podres que ali existe, e isso é inerente da humanidade, esconder seus podres para que os de fora os olhem com bons olhos. O assunto sobre isso irá ser tratado episódios mais a frente.
Mas sabe algo que brasileiros reclamam muito? Que nós mostramos só o lado ruim para os estrangeiros, nós cidadãos sim, de fato falamos muito dos problemas de nosso país, enquanto a TV demonstra o lado fantasioso daqui, e isso é ruim? Em minha humilde opinião, não, pois ficar maquiando o problema só o faz piorar.
Depois de um longo devaneio, voltemos ao anime.
Michiko é levada até o comandante da favela, um cara de barriga de cerveja que está coçando o saco e usando somente um samba-canção ridícula. Obviamente não irei printar ele coçando suas partes, por que né...por favor, somos um blog de respeito, mesmo não parecendo rsrs. Ele é o cara que toma conta de todos os problemas que ocorrem na favela.
Aquele bastardinho que Michiko tinha torturado pisando na mão com o salto estava ali, e como o moleque era alguém importante, Rico, o comandante da favela, manda com que ela se lembre de tê-lo maltratado. Claro que a morena não da a mínima e nem se sente ameaçada com uma arma apontada para sua cara, afinal, ela é a Michiko.
Rico desiste de ameaça-la e pergunta como ela irá recompensa-lo, se com dinheiro ou com trabalhos... vindo de um comandante da favela, trabalhos não devem ser boa coisa.
Um grito em um quarto ao lado, e vemos ninguém menos ninguém mais que Pepe Lima, reclamando da novela que assiste! SIM! As pessoas assistem vale a pena ver de novo! Ou não... Nervosa com a novela, ela taca a TV para longe e sai para pegar uma bebida.
Repare na roupa que ela usa e na naturalidade das pessoas... só eu estou angustiada com a barriga de cerveja do homem do que a moça que está só de calcinha? Ou que a camiseta larga de Michiko mostra seu lindo sutiã azul? O choque é tanto que ninguém, além de Michiko, se mexe nessa cena.
Depois disso, o homem fica sem jeito e pede para que a morena lhe pague em dinheiro mesmo as despesas pelo machucado na mão do moleque e pela televisão que a loira quebrou. Acho que o SUS aqui não funciona, e remédios de graça? Pfff. E a morena continua odiando a música tocada, enquanto a loira dança alegremente seu funk, e não, ela não dança de forma pornográfica, só pra constar.
E depois de muito procurar, nossa super heroína Hatchin aparece na porta com um cutelo para tentar salvar Michiko das mãos dos caras maus, enfrentando um por um como se fossem meras baratinhas! Ok que isso era o que ela pensava, mas recebe uma bronca da morena, e como é de se esperar, a bronca é reciproca e Hatchin recebe sarcasmo como resposta da moça. Quase atropeladas pelo carro que levava Pepe Lima para algum lugar, a pequena diz que as duas se parecem.
A striper e uma menina aparecem no restaurante chinês em que Hatchin trabalha, e ela tenta arranjar informações da loira, e ela diz que Hiroshi é seu amigo, apesar que Hatchin já não liga tanto se é verdade ou não, e é chamada para ir ao clube noturno em que Pepe trabalha, pois haverá uma festa... Não, pera, chamar uma criança para um clube noturno? Ainda bem que no anime não acontece nada além de uma dança no poledance... mas... enfim.
Após pagar o que devia para os caras da favela, Michiko é informada por Hatchin que Pepe conhece Hiroshin, mas a morena fica inconformada de como isso pode ter acontecido, pressupondo que o rapaz sumido já ficou com ela, mas na via das duvidas, ela duvida dessa história.
Então descobrimos que Rico é o cafetão de Pepe, e que a garota não recebe o que deveria receber pelos seus shows, que até então é só isso o que parece.
E depois tem gente que está sendo contra a
legalização da prostituição, mas não sabe nem mesmo da metade das coisas que acontece com quem trabalha dessa área. Não estou dizendo que Pepe é prostituta, o anime não demonstra isso, mas é algo a se pensar quando se trata disso no Brasil, e toda a hipocrisia que rola das pessoas sobre essa profissão, como se por legalizar isso automaticamente TODAS as mulheres fossem se tornar prostitutas, mas não fazem ideia de que grande parte das que estão nessa vida não estão por que querem, muitas vezes estão por conta de cafetões que, enquanto coçam o saco, as prostitutas se ralam para ganhar misérias e ainda sofrem abusos daqueles que as comandam. Quem trabalha autônoma e faz porque quer é um caso diferente das que são obrigadas a entrarem nessa vida, muitas vezes ainda crianças.
Pepe Lima sofre um esbofetão ao pedir que receba mais pelo seu trabalho.
E ao som do funk, a loira faz seu show erótico para os caras que ali compareceram. Michiko e Hatchin não estão nem vendo o show, e vemos que a pequena está bêbada! Que absurdo! Como Michiko pode deixar com quem uma menina de uns 12 anos fique bêbada?
Ah tá...
Pepe vai conversar com as nossas protagonistas, mas Hatchin, ou fingindo ou realmente bêbada com um suco de laranja, pergunta por quanto Pepe vendeu suas calcinhas, pressupondo que ela não está usando nada, e ainda pede para que ela pare com essas atitudes. Parece que o padre conseguiu fazer com que Hatchin ganhasse algum moralismo, mesmo que ela esteja “bêbada” com o suco.
Michiko percebeu que a garotinha não estava realmente bêbada, mas deixou com que ela continuasse falando todo seu moralismo, que talvez só saísse da garotinha se ela estivesse nesse estado... ou fingisse estar, para poder destilar um pouco da hipocrisia que ganhou do padre. Reclamando que Pepe só quer dinheiro, a loira explica que não, e conta a história de sua vida.
Patricinha que vivia bem com sua família e sua irmã - aquela garotinha estranha que estava com ela no restaurante chinês - até o dia em que seu pai morreu e afundaram em dívidas, por algum motivo não explicado foram expulsas de casa e tiveram que se virar, e hoje em dia não consegue mais confiar em ninguém, mas considera todos aqueles ali no clube seus amigos.
Em muitas dorgas, Hatchin se comove.
Michiko não acreditou no que Pepe contou, e pergunta o que ela quer com tanta grana. A loira deseja ir para São Francisco reerguer seu status, e depois, irá para Chinatown, levando sua irmã junto, mas para isso precisa de uma identidade, e Pepe acredita que a garotinha, chamada Lulu, indo para lá poderá ser uma mulher melhor que ela.
As duas resolvem entrar em uma disputa de quem bebe mais, e se Michiko ganhar, Pepe conta tudo o que sabe sobre Hiroshi, mas se perder, Michiko deverá pagar para a loira.
Deuses, olhe aquela pintura na parede... muitas agressões visuais! Cahan!
Pepe diz que Hiroshi era um cara gordinho que lhe dava muito trabalho,Michiko percebe que é uma perda de tempo, e levando uma dançante Hatchin bêbada por suco de laranja para o hotel. No quarto, Lulu rouba a bolsa da morena, levando até sua irmã, mas descobrem que elas também não possuem nenhuma carteira de identidade, mas nada melhor do que pedir para Rico a grana que lhe pertence... claro, roubando-o. Legal, foda-se a carteira de identidade! Vamos viajar por ai sem documentos! Ser v1d4 l0k4 ao extremo!
Rico manda todos os seus molequinhos irem atrás das duas, mandando-as a matar. E sim, acredite que isso pode acontecer na favela, não duvide. Além de ter um cartaz de SOS crianças nesse print, Pepe lembra que esqueceu a foto que tirou de sua irmã em casa, e esta estava muito linda, e queria por que queria a foto de volta, pois ela serviria para a identidade de sua irmã. Lulu diz que irá voltar para pega-la, já que é rápida e sabe se virar, Pepe aceita... Tá, não sei aonde está linda, mas tudo bem... é irmã, afinal de contas.
Pepe se encontra com Michiko em seu apartamento e pede ajuda para que ela encontre sua irmã, que não voltou faz um tempo, dizendo que é culpa de Michiko por ela também não ter carteira de identidade, a morena dá uma dura na garota, dizendo que ela não pode ficar pondo a culpa de seu fracasso nos outros... quantas pessoas não precisam ouvir isso, não é verdade?
Então a ameaça! Pepe diz que pode denuncia-la para a policia, afinal de contas, nossa Malandra é bandida procurada!
Mas ela pede de todas as formas para que Michiko a ajude a salvar Lulu da casa de Rico, que é recusada por não querer ter mais problemas.
Voltando de taxi para a favela, Pepe Lima é emboscada pelos molequinhos armados e morre.
Fim.
Que? É isso mesmo ué. Lendo o que eu escrevi, isso parece um pouco com uma novela... mas ao menos tem muito mais emoção e menos hipocrisia que uma TV globesca né? Certamente que os japas devem ter estudado um pouco sobre a vida na favela para pode produzir esse episódio, e antes que alguém pergunte se contrataram alguma cantora de funk para tocar, não, quem compôs as músicas foi Kassin, como todo o resto. Não houve tanta coisa para ser analisada quanto as situações que o anime coloca, não há muitas questões encima dos ocorridos, mas há uma amostra do que eles imaginam que acontecem em favelas, que talvez muitos de nós nem imaginamos que possa acontecer. Acabei narrando muito mais o episódio do que analisando-o, pois ele pouco mostrou além da vida de Pepe Lima e seu motivo de arranjar grana e sair dali, mesmo que no final, sua saída foi a morte, e a indiferença de Michiko para situações que poderiam fazer qualquer um se borrar nas calças... tá, Michiko tem nenhum juízo, mas isso não conta. E o que acham de nosso país sendo retratado por gente do outro lado do mundo?