quarta-feira, 28 de março de 2012

Interpretação - A alma do personagem!

Não, essa não é sobre personagens de animes e seus respectivos seiyuus, só achei o título adequado para o que vou escrever.

Mestre: Um belo e verde campo, com gotas de orvalho por todos os lados, fazendo a beleza da natureza ser realçada de forma incrivel. Há poucas arvores plantadas, mas todas elas, centenárias, espalhadas por aquele campo, criava a vida de muitos pássaros que cantavam belas melodias naquela manhã. O ar frio batia no rosto de todos ali presentes, e um aroma agradável das flores espalhadas pelo lugar, amarelas, vermelhas, rosas, brancas. Mas havia uma única coisa que chamava a atenção de todos: Um enorme centauro, de costas para o grupo, olhando algo em suas mãos, e parecia apreensivo por algum motivo. Com uma bonita pelugem marrom, cabelos longos e castanhos, não possuía nada em seu corpo, além de um arco e poucas flechas na aljava. Ele está próximo a uma das centenárias arvores. O sol acabara de nascer, e por isso ainda havia um pouco de neblina no local.

Jogador 1: O mago, tremendo um pouco com o frio que ali fazia, não tinha os trajes adequados pela perda da luta contra ladinos da ultima noite, achava aquele lugar maravilhoso, as gotas de orvalho lembrava muito quando aprendeu a magia de água. Estranhara muito o centauro ali a sua frente, parecia cuidar de alguma coisa, imaginava que este estava ferido ou possuía algo importante em sua mão, e a curiosidade do jovem mago foi tão grandiosa que a poucos passos, chamou: - Está tudo bem com o senhor?

Jogador 2: O guerreiro estava quente dentro de sua armadura, viu o centauro e sacou a espada: - O que voce faz ai?

Então pergunto: Como mestres, qual a sensação ao se deparar com ambas as descrições dos jogadores? E como jogador, qual a sensação que deu ao ver a descrição que o mestre fez?

Não gosto de iniciar nenhuma matéria dando minha opinião, mas essa eu serei obrigada. Como mestra, que gosta de dar o máximo de detalhes do local aonde os personagens se encontram, para que estes sintam como se estivessem na cena, a descrição do Jogador 1 me agrada muito, sabendo que consegui conquistar o que queria: a sensação que aquela cena traz; enquanto o Jogador 2, traz um desagrado imenso, pois a impressão que trás é de algo sem graça ou chata, o que nenhum mestre gosta, já que dedicamos uma parte de nosso tempo criando campanhas, quests e descrições dos lugares. E nesse momento, o que a gente pode fazer? Espancar o Jogador 2 até a morte? Sim! Evidentemente não....não na vida real, só o personagem dele, é claro. Mas não, essa não é a única solução. Uma conversa depois, ou até mesmo antes da sessão iniciar, dá uma ajuda.

Embora isso seja a obvialidade da coisa, não é disso que irei realmente tratar. Interpretar um personagem é como teatro, ou para aqueles que jogam pela internet, independente dos variados fatores, um "livro", aonde você incorpora um personagem criado por você, com as personalidades muitas vezes suas mesmo ou como você seria se fosse daquela raça, naquele mundo com aquela classe. É como fazer cosplay, para ter uma idéia mais concreta.

Partindo do pressuposto que isso vem da própria pessoa, o que demonstra o quanto ela está motivada ou não para o jogo. Essa motivação vem de vários fatores, tanto da propria pessoa, quanto do mestre, e fatores externos, independente de ambos, e é nesse momento que o mestre percebe o que pode estar errado ou não em sua campanha, seu jeito de narrar, com o jogador, os motivos que causam a interpretação como o Jogador 2 ou o Jogador 1.

Obviamente, alguns tem dificuldade de se expressar com palavras (eu mesma tenho, quando é um jogo em mesa não virtual), mas sempre haverá outros modos de se chegar ao mesmo resultado, e aqui entra a criatividade de cada pessoa, assim como é o relacionamento com o mestre e os demais jogadores, e o próprio ambiente, onde não tenham que se preocupar com transeuntes chamando psiquiatras seguranças ou filmando para colocar as bizarrices do grupo no youtube.

Outra coisa é a construção do personagem. Não adianta começar fazendo personagens que não seguem sua personalidade, totalmente opostos a você, e ter dificuldades de interpretação e para seguir a linha principal que você criou. Não vou me aprofundar nesse assunto, que pode ser meio obvio todos os motivos de não começar assim. Em geral, pessoas com experiencia tem mais facilidade em criar personagens opostos a si.


Interessante é ver que quando se é mestre, você acaba tendo uma desenvoltura de descrição melhor do que quando é somente jogador. Não que jogadores não possam ser como os mestres ou até melhores, mas quando se é mestre, você tem que ser muito mais preciso em suas descrições, colocando certos detalhes que podem passar abatidos por jogadores que não prestam atenção ou não tem malícia o suficiente para perceber o que o mestre esta tentando passar. Mas isso não é a regra, muitas vezes o mestre pode ser menos descritivos que os jogadores, e estes sacanearem o mestre e se aproveitarem de algumas coisas que o mesmo não percebe que está falando.

O problema não são os jogadores que tem dificuldades em interpretar que não se resolvem com uma conversa, e sim aqueles preguiçosos e relaxados que agem como nessa imagem:


O que pode-se fazer para incentivar aos preguiçosos de plantão?
  • Ao final das sessões, no momento de distribuição de XP, o mestre pode premiar aqueles que interpretaram bem seus personagens,e explicando para aqueles que não o receberam os motivos para tal;
  • Premiação mecânica por cenas bem descritas ou interpretadas (aqui depende do sistema para a distribuição do XP);
  • Criar situações e quests baseadas na personalidade, classe, histórico e relações que os personagens tiveram durante o jogo, sejam com seus companheiros, sejam com os npcs, como bonificação interpretativa dar títulos, aliados importantes, conhecimentos, entre outras coisas para o jogador com bom desempenho;
  • Explicar o tipo de campanha que irá fazer e que tipo de personagem acha mais adequado a ela.
Enquantos os jogadores devem ter em mente que tipo de campanha estão entrando, e qual o mundo onde ela se passa, assim como o estilo de a exigencia daquele mestre.

Agora, se nenhuma dessas alternativas resolver, nada melhor do que dar uma voadora no jogador quando o vê chegando falar que sua atuação está atrapalhando a campanha. Eu até poderia entrar no mérito dos jogadores turistas, mas isso fica para uma futura matéria.

Uma nota antes de encerrar: Assim como as pessoas levam seus hobbys a sério, quem tem o rpg como um de seus hobbys, tambem o leva a sério. As pessoas que estão na mesa precisam saber se seu mestre é assim ou não, pois quantas aventuras eu já não vi inacabadas por desinteresse dos jogadores, que parecem não se importar com o tempo que o mestre gasta para criar uma aventura interessante, e acham que fazer isso é facil.

Bem, é isso ai gente, espero ter ajudado quem gosta de RPG e tem esses problemas. o/

Quíso Nemesis?o_O

Um comentário:

  1. Gostei demais da matéria. Acredito que seja necessário conhecimento do personagem e de todas (de forma geral)as perícias, habilidades, peculiaridades, vantagens e desvantagens. E o mestre tentar fazer a melhor descrição possível da situação, dando ferramenta para os jogadores interpretarem.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.